02/08/2012

Pássaro

Dá janela ele olha o mundo.
O movimento dos carros o deixa enjoado.
Os prédios gigantescos impendem ele de ver o horizonte, o mundo cinza o cerca.
Cinza como sua mente, ela não consegue mais ver as cores, não consegue mais fazer sentido aquilo para ele, ele lutou e perdeu, diversas vezes. Mas mesmo assim ele sempre guardou um tempo para olhar para o céu.
Ele disse que passaria desapercebido por esse mundo e assim o fez. Disse que sua vida não faria diferença na de outras pessoas e não fez.
Mesmo assim ele reluta, seu pai, sua mãe, sua namorada, seus amigos. Será que nada disso vale a pena pra ele?
Não vale.
Se debruçando no beiral ele olha a altura. A queda o mataria, sem sombra de duvidas, mas ele não vai morrer. O que ele busca não é morrer, é voar. E ele vai voar.
Mais alguns passos sobre o beiral e ele sente o vento frio no rosto, a leve brisa gelada. Ele fecha os olhos e respira fundo
Um ultimo suspiro antes do próximo passo. A vida não passou em rente aos seus olhos. Ele não pensou em tudo o que ele deixava para trás. Em sua mente apenas o vazio. Branco como uma tela antes do artista começar a sua obra prima.
A perna se levanta, esse passo muda a vida dele e a de mais ninguém. Como ele sempre quis. No fim ele está feliz. Não existe controle maior para a sua vida do que ele dar esse passo. Ninguem o empurra. É a pura decisão dele.
Ele da o passo e abre suas asas. Força elas, já feridas e machucadas pelo tempo, a bater.
O seu esforço não pode ser em vão. Ele não chegou até esse momento para falhar. Deve haver algo depois disso, ele tem que acreditar que haverá, ou toda essa batalha que ele travou até hoje seria em vão. Ele não pode acreditar nisso.
Vamos filhote, bata essas asas, force elas, vamos filhote voe para longe de seu ninho.

Nenhum comentário:

Postar um comentário